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Diário de um Banana: Caindo na Estrada (Diary of a Wimpy Kid: The Long Haul – 2017)

capa do filme

Na grande fábrica de filmes que existe em Hollywood, cada nicho ganha a própria linha de produção. Para as crianças existem as animações e trabalhos com foco em aventuras de meninos brancos de classe média que se sentem incompreendidos em um mundo adulto. O segundo tipo tem se tornado cada vez mais raro, mas encontrou representação com a franquia Diário de um Banana, que conta com 11 livros e, agora, quatro longas.

Um ano após a história do filme anterior, um vídeo em que Greg (Jason Drucker) é ridicularizado viraliza na internet. Para tentar melhorar a imagem pessoal, ele pretende aparecer em uma publicação de um youtuber famoso, mas a filmagem é do outro lado do país. Então ele aproveita uma viagem com os irmãos e os pais para tentar chegar a uma convenção em que o ídolo estará.

Não tem nada de novo aqui. Greg se sente injustiçado com todo mundo da família por motivos diferentes e tudo na vida dele é feito para criar empatia em crianças. O que é usado para passar as lições do filme ao mesmo tempo em que faz os menores se divertirem com várias cenas de comédia pastelão.

família suja de lama
Família suja de lama. Comédia pastelão para divertir crianças.

Os pais (Tom Everett Scott e Alicia Silverstone) querem o bem dele, mas o impedem de fazer diversas coisas que ele gostaria, o irmão adolescente mais velho o trata mal e o caçula bebê recebe toda a atenção e mimo dos adultos. O protagonista se encaixa em todos os clichês de angústias infantis, o que aumenta a possibilidade de qualquer menino de classe média (que tem dinheiro para pedir aos pais pelos livros ou pelos filmes) se identificar.

Mas o autor da franquia, Jeff Kinney, também usa outro recurso para que os jovens se identifiquem. Ele coloca Greg sempre em situações de risco para a vida social, mas as tentativas de não passar por ridículo são minadas pelos cuidados dos pais. Neste filme, a mãe impõe a viagem sem saber que impede o filho de conseguir algo importante. Da mesma forma, ele não compreende como a magoa ao não cooperar.

Como em todo filme feito para crianças do tipo, a fotografia apenas ilumina tudo. A direção de arte é cheia de cores fortes e vibrantes. O pai só usa camisas sociais ou com gola pólo. A mãe vestidos leves e o irmão mais velho camisas de rock, como da banda Avenged Sevenfold, que tende a fazer sucesso com adolescentes. Eles são o estereótipo de família suburbana estadunidense.

Alicia Silverstone e Tom Everett Scott
Alicia Silverstone e Tom Everett Scott. Faces de uma juventude envelhecida.

Também é preciso levar em consideração o cuidado dos diretores em criar empatia para os pais das crianças que serão obrigados a acompanhar os filhos ao cinema. A começar pela escolha de Everett Scott e de Silverstone como os pais. Os dois eram representantes da rebeldia adolescente no início dos anos 1990 e serão reconhecidos justamente pelas pessoas em idade de ter filhos interessados em Diário de um Banana.

Em certa cena, os dois colocam uma música das Spice Girls para tocar e os filhos reclamam que é música de velho. É um golpe na nostalgia dos pais (e deste crítico também), que vão se identificar com as frustrações dos personagens adultos e depois também serão acalentados com as lições finais de união familiar.

Famílias de classe média vão adorar. E são apenas eles. Não tem profundidade, nem divertimento para mais ninguém. Como o público-alvo é o que tem como investir dinheiro, deve fazer tanto sucesso quanto os filmes anteriores e os livros.

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