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Críticas a Precisamos Falar sobre o Kevin

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Você já assistiu Precisamos Falar Sobre o Kevin? Se a resposta for negativa, o filme trata sobre uma mãe e sua relação com o filho assassino. Parece com outra produção que ninguém assistiu, Tarde Demais (Beautiful Boy). Acho irônico que dos dois, justamente o do Kevin é o que fez algum sucesso. Assisti Tarde Demais sozinho na única semana em que ficou em cartaz em São Paulo. Tentei conversar com outras pessoas depois e ninguém sequer sabia que o filme existia. A ironia está no fato de que Tarde Demais é um filme muito superior a Precisamos Falar Sobre o Kevin.

Os dois filmes acompanham pais cujos rebentos causam algum tipo de massacre público. Enquanto um vilaniza a mãe, o outro os humaniza. Um segue uma proposta mais metafórica e até fantástica, o outro entra de cabeça no realismo, com direito a câmera na mão e equipamentos digitais.
O filme do Kevin rendeu algumas discussões interessantes por aí. Primeiro porque dividiu tanto as opiniões entre a crítica. Segundo por conta da forma como explorou o assunto.
Vi algumas críticas extremamente positivas. Ao mesmo tempo outras extremamente negativas. Uma até listando o filme como um dos piores do ano passado. Acho isso fascinante. O pessoal que gostou do filme gostou do tom de metáfora e da direção elaboradíssima de Lynne Ramsay. O pessoal que não gostou achou sem ritmo e sem sentido.
A arte e a fotografia exploram o vermelho além do limite. O que deveria ser uma metáfora visual à culpa da personagem principal. É o sangue derramado sobre o qual tem culpa. As cenas dela interagindo com o filho durante seu crescimento são de tensão constante. As interpretações são poderosíssimas.
Por outro lado, o filme é looooooooooooooooooooongo. Parece que nunca vai acabar. Peca ao tentar criar um suspense relacionado ao final, sendo que ele já é anunciado na sinopse. E força a barra ao mostrar que um psicopata não só é produto do meio, mas da falta de amor da mãe. O que não é bem representado, porque vemos ela se esforçando e o garoto sem reações desde o princípio. A mensagem não condiz com as construções de cena.
De acordo com o comentário de uma leitora, Kevin sofre da Síndrome de Imperador. Como ela não é brasilieira, o nome pode não ser exatamente esse. Mas pela descrição que ela apresentou, o comportamento do Kevin se encaixa completamente na Síndrome. Mesmo assim, a culpa pelo que acontece certamente não é da mãe.
Seja como for, não gostei do filme. Mas não acho que seja um dos cinco piores do ano que viu As Aventuras de Agamenon – o Reporter e À Beira do Abismo. Ainda sou capaz de reconhecer suas qualidades. Mas não tive coragem de revê-lo para escrever esse post. A primeira vez já foi demais.
Uma reflexão rápida sobre como as opiniões são diferentes sobre um assunto. É algo que sempre me impressiona. Ainda mais com um filme independente e tão artístico.
Se tiver algum interesse, corra atrás de Tarde Demais. Vai ser um pouco difícil de encontrar, mas vale muito a pena. Ou talvez até mesmo Elefante, do Gus Van Sant, que também trata do mesmo assunto.
 
GERÔNIMOOOOOOO…

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