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Como Treinar o Seu Dragão 3 (How to Train Your Dragon: The Hidden World – 2019)

Quando a franquia Como Treinar o Seu Dragão teve início em 2010, tomou o mundo de surpresa com como todas as características do filme são encantadoras. Desde as relações entre todos os personagens, passando pelos próprios, e chegando até a mensagem de quebra de padrões e estereótipos. Não à toa, este terceiro e último filme chega cheio de expectativas.

Um ano após Soluço (voz de Jay Baruchel) e Banguela se tornarem os líderes de Berk e dos dragões respectivamente, eles descobrem que uniões de vikings nas proximidades continuam a caça pelos animais para formar um exército.

O melhor caçador deles, Grimmel (voz de F. Murray Abraham) quer caçar o último fúria da noite e inicia os ataques à aldeia pacífica. Isso tudo enquanto o dragão descobre uma fêmea por quem se apaixona, e o humano precisa lidar com a superlotação dos bichos na vila.

Banguela e namorada fúria da luz. Novidades.

Como se trata do terceiro capítulo de uma trilogia planejada para terminar neste filme, Como Treinar o Seu Dragão mantém todas as características técnicas e temáticas que tornaram os dois anteriores tão apaixonantes.

O diretor e roteirista Dean DeBlois retorna para fechar a história com a mesma estrutura narrativa. Berk e a vida da dupla de protagonista é apresentada, assim como o conflito principal. Um mistério é revelado aos poucos até que as coisas chegam ao pior momento, quando Soluço é apoiado pelas figuras femininas na vida dele para encontrar as possíveis soluções.

Chega a ser previsível por ser a terceira vez que a fórmula se repete, mas o que DuBlois faz com a soma dos três filmes e com o protocolo é impressionante. Ele usa a estrutura para fechar um ciclo completo sobre guerra, paz, liderança, união, masculinidade tóxica, humanidade e muitos outros conceitos fortes.

Mãe e namorada de Soluço. Vozes “femininas” da razão.

Apesar de terem histórias fechadas em si, os três filmes são uma história conjunta sobre paz. O primeiro é sobre a quebra de estruturas sociais para alcançá-la, o segundo, sobre situações em que ela é impossível, e este, sobre os sacrifícios necessários para a mesma. É algo muito parecido com o que outra trilogia da Dreamworks Animations fez antes, Kung-Fu Panda.

DeBlois também mantém a inventividade de continuar a aumentar o universo dos dragões com ainda mais características envolventes a serem descobertas sobre os bichos fantásticos. Desde os comportamentos até as origens. O que é reforçado pelo extraordinário da equipe de design de artes de sete pessoas.

O universo é belo pelos detalhes que contam a história. Desde as escamas de dragão usadas pelos residentes de Berk para fazer as armaduras, até as diferentes espécies dos répteis, que variam e misturam diferentes tipos de animais reais. Aqui é mostrada uma nova que tem características de escorpiões.

Originalidade do universo enriquece a beleza visual do filme.

Essa riqueza de visuais, capturada pelo chefe de layouts Gil Zimmerman e com assessoria do diretor de fotografia Roger Deakins resulta em enquadramentos de grande beleza que contam a história ao mesmo tempo. A iluminação joga sombras para indicar as vontades e os segredos dos personagens em cena. Um dos destaques é o primeiro encontro de Soluço com o vilão no filme, tomado por um cenário em chamas que esconde ou revela os rostos deles quando é necessário.

Sem contar, é claro, com a qualidade técnica do estúdio de animação. Certa panorâmica sobre uma catarata parece realmente uma imagem filmada de helicóptero sobre uma queda d’água. Os líquidos, tecidos, peles e escamas parecem de verdade, e não um monte de zeros e uns.

O compositor John Powell também retorna para dar continuidade aos temas da série que se tornaram tão popular desde o primeiro filme. A melodia de escala épica criada por Powell mantém o tom carinhoso e grandioso dos anteriores.

Grimmel é o vilão da vez.

Ao término da sessão, será fácil ouvir fungadas na sala de cinema. Fazer chorar por si só não é sinal de qualidade para um filme, mas o como e o por quê do choro. E Como Treinar o Seu Dragão 3 traz mais do que fez com que os anteriores funcionassem tão bem, uma história carregada de carinho e qualidade. O choro é quase tanto pelo fim da série, quanto pelo que ocorre neste final.

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