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Made in Brazil (Chico – Artista Brasileiro, 2015)

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Chico Buarque, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhoto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, Mart’nália: todos esses ótimos artistas e mais, em uma só produção. Isso é o que acontece em Chico – Artista Brasileiro, longa-metragem que conta a história do artista homônimo. Os cantores fazem performances musicais exclusivas para o documentário dirigido por Miguel Faria Jr., que também foi o diretor de “Vinícius” (2005).

O longa-metragem mostra gravações de depoimentos, concertos, momentos que ocorreram durante a ditadura, apresentações teatrais e muito mais. Ele conta até com os falecidos Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Hugo Carvana, que foram gravados enquanto falam sobre o artista tema do documentário. Chico – Artista Brasileiro, por apresentar essa enorme junção de memórias, envolve o espectador do início ao fim. Chico Buarque conta a própria história e revela um lado pouco conhecido pelo público.

Entre diferentes estados e países, cresce um menino que nutre enorme admiração pelo pai, Sérgio Buarque de Holanda. Trilíngue desde pequeno, Chico foi criado em um ambiente com viés político de esquerda. Foi fortemente influenciado por Sérgio, considerado um dos principais historiadores brasileiros, além de ter sido um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).

Chico-Artista-Brasileiro-trailerChico participa da narração da própria história.

A paixão pela música e literatura surge desde cedo no artista, que logo ganha reconhecimento. Chico conta que se inspirava principalmente em Tom Jobim e Vinícius de Morais. Em 1966, conhece Marieta Severo, com quem fica casado por 33 anos e tem 3 filhas. Ele relata que ela era a primeira a ler as letras das canções que criava, situação que ele relembra de forma saudosa.

São mostradas cenas de alguns dos espetáculos teatrais produzidos por ele, como Roda Viva e Calabar (feito em parceria com Ruy Guerra, que aparece no documentário). Ele discorre sobre histórias que ocorreram nos bastidores, como o ataque do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que invadiu o teatro onde a primeira peça foi montada, além de curiosidades sobre as produções.

O artista, acusado por ter criado a peça Roda Viva e promover a passeata dos 100 mil, vai para Itália se exilar. Quando volta para o Rio de Janeiro, cidade pela qual é apaixonado, tem de lidar com o Brasil do “ame-o ou deixe-o”. Passa a ter as próprias músicas vetadas pela forte censura que dominava o país. Como consequência, acaba por alterar parte das letras que compôs, para conseguir a aprovação do governo e lançá-las.

chico-artista-brasileiroCom a primeira esposa, Marieta Severo.

“Homossexual, operário, mulher e marginal”: assim ele descreve o Chico músico, que compõe as melodias e letras das canções. O artista conta que deixa de ser quem é normalmente, quando se trata de compor. No entanto, ele se considera, profissionalmente, mais escritor do que músico. Afirma que domina mais a literatura do que a música, que surge como uma intuição.

Pode-se ver um lado piadista de Chico Buarque, que chega a autodenominar-se como “canastrão”. Ao mesmo tempo em que é visto um artista empenhado na oposição à ditadura e melhora do país, ele também é retratado de modo descontraído. É visto um lado além do Chico ativista político, ao ser retratada parte da própria esfera íntima. Um cantor que considera a interação com outros músicos como um dos maiores prazeres e, sem dúvidas, conquistará mais admiradores nas salas de cinema.

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