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Capitã Marvel (Captain Marvel – 2019)

Em certo ponto de Capitã Marvel, a nova heroína da empresa que carrega o mesmo título que ela alça voo e é observada por uma menina inspirada pela força e poder daquela mulher. Sim, esse é mais um filme de super-herói que demonstra representatividade. Mas ele não é panfletário, como a maioria tentaria ser.

Não é preciso fazer muito esforço para fazer com que a história da guerreira da espécie alienígena Kree chamada Vers (Brie Larson) se encaixe como representativa. Ela é apenas a segunda mulher protagonista de um filme de super-heróis desde o início desse universo da Marvel em 2008 (o outro é da concorrente Warner/DC). E os realizadores, cientes disso, fazem a história ser sobre isso, sem ser evocativa demais.

Porque Vers, aos poucos, descobre ser Carol Danvers, piloto de caças da força aérea americana que foi levada ao espaço sideral para ser treinada como Kree. Como não tem lembrança disso, não sabe o que é a personalidade própria. Ela é a humana que não lembra ser, ou a guerreira interplanetária?

Carol brilha. Personagem de origens conflitantes.

É um clichê antigo, mas aqui serve a essa dualidade. Ela é super pelo lado extraterreno, mas tem resiliência incomum por ser humana. Mais do que isso, até. Por ser uma mulher em uma sociedade machista. Mas a produção não precisa explicar nada disso. É óbvio.

Então, quando ela aparece como parceira e amiga de Maria Rambeau (Lashana Lynch), é possível ver pelos diálogos trocas divertidas de uma amizade antiga. Além disso, pequenos apoios de uma para a outra quando o mundo parece conspirar contra elas. Muita coisa é dita com pouco. Justamente por isso, o discurso não atrapalha o ritmo e a mensagem principal. Na verdade, engrandece a ambos.

Outra coisa que realça isso é a escolha de Brie Larson para viver Danvers. A atriz, que começou a carreira com papeis mais debochados (vide a excelente participação em Scott Pilgrim contra o Mundo), consegue transitar da comédia obrigatória da Marvel para a grandiosidade de uma personagem que precisa se impor contra as adversidades e se erguer heroína.

Fury na década de 1990. Efeitos digitais impressionam.

O humor, mais uma vez, tem foco nas situações estranhas que surgem do lado fantástico da história, como quase todas as trocas sobre o gato Goose ser ou não um monstro alienígena, ou uma série de piadas sobre um cientista que não pensou em certas coordenadas espaciais.

A Marvel também se garante no espetáculo. Os efeitos entram em cena para fazer com que o uso de poderes sirva para o visual. O que funciona especialmente com a Capitã Marvel, cujas habilidades envolvem rajadas de brilho e de energia. Um dos destaques inquestionáveis é o rejuvenescimento de atores em diversos filmes do estúdio. Aqui é a vez de Samuel L. Jackson como um jovem Nick Fury.

Assim, se apresenta um roteiro que usa da estrutura para contar a história da personagem, criar características de empoderamento feminino sem que isso roube a trama principal, e que ainda é divertido por meio de comédia, de ação e de efeitos visuais. O que prende o espectador do começo ao fim.

A veterana Annette Benning faz um papel triplo que aproveita das capacidades da atriz.

Incomoda apenas a necessidade constante do roteiro de criar reviravoltas em sequência durante a trama principal. Ocorrem, pelo menos, umas três mudanças de índole de personagens. O que é confuso e rapidamente faz com que o espectador até deixe de se importar com aqueles em que deveria depositar as preocupações. Mas nem isso ofusca a boa qualidade geral da produção.

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