Postado em: Blog

Cadê os bons filmes de ação?

2012
Recentemente eu tenho visto pessoas discutindo muito por conta de certos filmes de super-heróis. Os casos que mais causaram contraste de discussão foram Os Vingadores e Homem de Aço. Os fãs dos filmes os defenderam por conta de suas qualidades óbvias, mas aqueles que, como eu, tiveram seus problemas com essas produções sentem falta de uma coisa que vem fazendo falta no cinema. Boas cenas de ação.

Em uma discussão sobre O Homem de Aço, ouvi uma pessoa argumentando que gostou do filme porque finalmente ele viu o Superman usando seus poderes francamente contra inimigos. Seus socos destroem cidades e tals. Eu compreendo essa necessidade, mas convenhamos, precisava ser a loucura que aquele filme vira no terceiro ato?
Aconteceu a mesma coisa com Os Vingadores. O filme é extremamente superficial e sua proposta é essa. Não tenho como falar mal disso. O problema é que seu clímax, a batalha em Nova Iorque, não empolga pela ação em si, mas porque vemos os heróis usando seus poderes ao mesmo tempo em meio a mil e uma piadinhas. Convenhamos, quem se importa quando o Homem de Ferro atravessa aquele portal no céu e manda aquela arma de volta para os alienígenas? Todo mundo sabe que a Marvel não vai matar seu personagem mais lucrativo.
Esse é um dos verdadeiros problemas com esses filmes. Eu não me importo com o que está acontecendo em cena. Em O Homem de Aço, nós vemos meia hora de pessoas super poderosas dando socos umas nas outras. Ninguém se fere, só atravessa paredes. Depois de muito tempo fica apenas chato. Não tem um perigo real ou algo porque se importar no meio daquela bagunça.

man-of-steel-fightO Homem de Aço. Quebradeira sem sal.

Outro grande problema é o uso excessivo de efeitos especiais. Quando vemos um ator ser substituído por um dublê digital e de repente começar a sobreviver a manobras malucas que matariam qualquer coisa viva, não tem como prender a atenção do espectador. É algo que a franquia Piratas do Caribe fez em excesso. De repente vemos o Jack Sparrow voando através do ar de forma mirabolante sobrevivendo às coisas mais insanas. Todo e qualquer valor à vida dele estão perdidos. Se ele sobreviveu àquelas maluquices anteriormente, vai sobreviver a qualquer coisa.
Vale lembrar, então, de um dos melhores filmes de ação já realizados, Velocidade Máxima. Citando o Quentin Tarantino, “acompanhar aquele ônibus cruzando aquelas ruas é incrível”. Velocidade Máxima cria situações impressionantes nas quais tememos pelos personagens. Antes disso, eles são desenvolvidos o suficiente para que nos importemos com eles quando a ação começa. Daí o Jan de Bont faz enquadramentos em que os atores, e não suas versões digitais, realmente parecem estar em perigo. Pronto, um grande filme de ação.

sandra-bullock-as-annie-porter-in-speed-1994Olha esse plano. É a Sandra Bullock ali. E aquilo não parece nada seguro.

Também não quero ser chato ao falar sobre como filmes de antigamente eram melhores. Principalmente porque compreendo diversas das escolhas por computação gráfica. É mais barato e facilita diversos aspectos das filmagens. Sem contar que não é apenas por conta da computação gráfica que as cenas de ação são ruins. Basta ver Círculo de Fogo. Praticamente todas as cenas de ação daquele filme são digitais e ainda se trata de um dos filmes mais legais dos últimos anos.
Mas onde é que o Guillermo del Toro acerta e os outros erram? É bem simples. Quando chega a hora de fazer as cenas de computação, del Toro se envolve e dirige as animações. Outros diretores abandonam para animadores e vão viver suas vidas. Basta ver o nível de detalhes em Círculo de Fogo. Mesmo que seja praticamente tudo digital, vemos pessoas morrendo e sofrendo perigos que parecem reais. Ponto, bastou isso e já temos cenas de ação impressionantes.
Também vou chamar a atenção para o Capitão América 2. O filme não é nenhuma maravilha e se perde muito em muitas partes, mas tem algumas excelentes cenas de ação. Não são todas, principalmente no terceiro ato, que é quase todo ruim. Mas nas partes em que vemos o herói correndo francamente contra diversos inimigos, enfrentando sozinho um avião ou lutando no mano a mano contra o Soldado Invernal, a ação funciona muito bem.
Outro bom exemplo é X-Men – Dias de um Futuro Esquecido. Bryan Singer sabe colocar a dosagem certa de perigo em suas cenas de ação. Enquanto vemos os personagens combatendo entre si, sentimos tensão porque eles podem verdadeiramente falhar e serem mortos naquelas cenas. Não é apenas demonstração de poderes divertidos, ao mesmo tempo em que as cenas não se perdem em demonstrações absurdas de efeitos digitais.
Não estou dizendo que não existem mais bons filmes de ação. Apenas me incomodo quando os filmes mais aclamados por muita gente (em grande parte, nerds tresloucados) são apenas montagens plásticas. Atentando para os anões de pelúcia dos dois primeiros O Hobbit ou grande parte das acrobacias do Homem-Aranha em seu último filme.
 
FANTASTIC…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.