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Brinquedo Assassino (Child’s Play – 2019)

Texto de Renaro Cardozo

A década de 1980 foi marcada pelo nascimento de vários ícones do terror como Jason Voorhees, da franquia Sexta-feira 13, e Freddy Krueger, de A Hora do Pesadelo. Mas teve um que, apesar da aparência bonitinha, tirou o sono de muitas crianças: Chuck, o Brinquedo Assassino.

Na época, esses personagens ganharam fama graças aos métodos esdrúxulos de matar as vítimas. Os fãs do gênero adoravam ver corpos sendo partidos ao meio ou cabeças sendo cortadas com os mais diferentes objetos. Lógico que os efeitos não eram os melhores, dava para ver claramente a falta de recursos nas cenas. Mas ninguém ligava. Pelo contrário, a tosqueira fazia parte da diversão.

Porém, o tempo não foi generoso com esse nicho. As mortes não assustavam mais. Pior, elas faziam rir. Ícones do terror viraram quase vilões de comédias. E assim foi por muitos anos.

Recentemente, Hollywood tentou ressuscitar algumas dessas franquias, mas algo não estava dando certo, a velha fórmula não emplacava mais. Jason e Freddy, por exemplo, não conseguiram se modernizar e fracassaram nas bilheterias. E é aí que entra um dos trunfos do novo Brinquedo Assassino (Child’s Play), que estreia nesta quinta, dia 22.

“Quem diria, filho. Iam jogar ele fora.”

Em tempos de pessoas ligadas 24 horas em equipamentos tecnológicos, o novo filme pega esse gancho e atualiza a origem do Chuck. Ele não é mais um boneco possuído por um serial killer, é uma inteligência artificial com sérios problemas de fabricação.

O diretor Lars Klevberg podia, inclusive, ter brincado mais com isso. Pois o que temos agora é um boneco que pode controlar todos os equipamentos, desde TVs a carros, da empresa Kaslan, uma multinacional que está em todos os lares.

Esse domínio de todo o ambiente permite ao nosso pequeno assassino perseguir e matar as vítimas de formas bem criativas, o que ajuda a construir um clima de suspense muito bom. Ah, as mortes esdrúxulas não foram esquecidas.

A mudança no visual do personagem foi uma ideia boa no fim das contas, pois o original já está vinculado a comédias de terror há um bom tempo. Quando vi em fotos, confesso não ter gostado muito, mas, depois de assistir ao longa, aqueles olhos azuis assustarão bastante gente.

Gabriel Bateman é um dos destaques do filme.

Além disso, a dublagem do Chuck, feita pelo ator Mark Hamill, ajuda, e muito, a dar um ar tenebroso ao boneco. “Eu serei seu amigo até o fim” se torna uma frase realmente assustadora. Para quem não ligou o nome à pessoa, Hamill é famoso pelo papel de Luke Skywalker, na franquia Star Wars. Porém, o trabalho de dublador ganhou visibilidade ao dar vida ao Coringa, vilão do Batman, em várias séries animadas.

Outro que se destaca é o ator mirim Gabriel Bateman, que interpreta Andy, um garoto solitário que ganha de aniversário da mãe, Karen (Aubrey Plaza), uma versão defeituosa do boneco Buddi que seria jogada fora.

Aqui, não temos um serial killer tentando roubar o corpo de Andy em um ritual de vudu, mas um boneco inteligente tentando agradar ao “melhor amigo”, mesmo que isso signifique eliminar todos que podem interferir na amizade deles.

Brinquedo Assassino é um filme que honra o terror matança com muito sangue de antigamente atualizando para o suspense de sustos da atualidade. Longe de virar um cult como o antecessor de 1989, é um longa divertido apesar de algumas falhas de roteiro e interpretações fracas.

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