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Brasileiros e o cinema

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Cine Holliúdy levantou, com seu sucesso, uma questão interessante e antiga no Brasil. Assim que a produção acaba, surgem palavras na tela dizendo que, dos 184 municípios do Ceará, apenas 5 possuem salas de cinema. Foi novidade para muita gente, mas era um tipo de informação óbvia.

Lembro de uma vez, quando mais novo, em que recebi a informação de que a média de ida ao cinema do brasileiro é quatro vezes por ano. Na época, eu provavelmente assistia a mais de cem filmes por ano. Então foi uma surpresa enorme. Mas convenhamos, essa média é até alta, considerando outro fato que descobri recentemente, 80% dos brasileiros nunca foram ao cinema.

Se a grande maioria das pessoas não vão ao cinema, a média ser de 4 idas por pessoa abre espaço para inferir que as pessoas que vão ao cinema, vão com muita frequência. E como essas pessoas moram em centros urbanos onde convivem com pessoas que também vão constantemente aos cinemas, todos esses números parecem surpreendentes.

Mas basta pensar um pouco sobre informações do cotidiano para perceber que nada disso é novidade. Primeiro, todo mundo que vive em cidade grande conhece alguém do interior que nunca foi ao cinema. Segundo, sempre ouvimos sobre cidades pequenas que não têm cinema ou que, quando têm cinema, não passam filmes novos nunca.

Somando a isso o fato de que cada estado do país tem seus mais de cem municípios de interior, todos eles com essa galera que nunca foi ao cinema e que vivem em lugares sem acesso. É bem fácil entender como 80% dos brasileiros nunca entrou em uma sala de exibição.

É consequência de como a televisão foi apresentada através do país. Quando a mídia começou a ser espalhada pelo território, a TV também estava começando a ser vendida. Colocar um meio de assistir algo pago contra outro que era sem fim e gratuito foi injusto. Principalmente quando os filmes que chegavam ao interior possuíam qualidade dúbia.

Hoje, ir ao cinema é uma atividade de luxo, mais do que uma apreciação de arte. Um luxo caro e que demanda tempo. Com a facilidade de acesso por trás da pirataria, as pessoas continuaram na frente da TV assistindo os filmes que outras pagam mais caro para curtir numa tarde.

Isso, é claro, com as pessoas que fazem parte dos 20% que foram ao cinema. Imagine em lugares que tem pouco ou raro acesso à internet, não possuem cinema e cujas pessoas apenas assistem algo se for em uma TV de tubo.

Pensando em tudo isso, não é tão difícil imaginar que tantos brasileiros nunca tenham ido a um cinema.

 

ALLONS-YYYYYYYYY…

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