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Annanelle 2: A Criação do Mal (Annabelle: Creation – 2017)

modelo da Annabelle em construção

Annabelle, a boneca icônica que assombra a audiência desde a primeira aparição em Invocação do Mal, volta aos cinemas em uma prequência da primeira prequência. Depois da recepção negativa do longa solo do brinquedo, o produtor e realizador da franquia, James Wan, chamou outro diretor para comandar a história de origem do demônio que usa Annabelle como conduíte no plano terreno.

Desta vez, o que é visto é a manufatura da boneca, modelo número um de uma série limitada de 100. O criador, Samuel Mullins (Anthony LaPaglia) dá o brinquedo para a filha, Annabelle (Samara Lee), que morre no mesmo dia em um acidente. Para recuperar a alegria da casa vazia 12 anos depois, ele e a esposa (Miranda Otto) recebem um grupo de orfãs para viver com eles no espaço enquanto não são adotadas. Entre elas, as amigas Janice (Talitha Bateman) e Linda (Lulu Wilson). Mas Annabelle ainda ronda pelos corredores com a boneca dada pelo pai.

Sai o diretor de aluguel John R. Leonetti (cuja carreira é vergonhosa) e entra David F. Sandberg, depois do excelente debute com Quando as Luzes se Apagam. O resultado pode ser conferido na ambientação. Ao mesmo tempo em que o primeiro filme da Annabelle não tinha tensão e tentava se resumir a sustos fáceis sem inventividade, esta prequentinuação tem um trabalho mais elaborado de movimento de câmera que enriquece a sensação de medo.

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Janice e Annabelle ficam pela metade nas sombras por compartilharem destinos semelhantes.

Quando a imensa casa é apresentada para as meninas, a câmera acompanha o movimento de todos os personagens através dos cômodos sem corte. A cada esquina nova, é revelado um local onde as aparições de Annabelle e da versão infernal dela tentarão matar e hostilizar os residentes. Ao somar isso com a direção de arte que brinca com tons frios na decoração que tornariam a casa bela na luz, mas cheia de cantos escuros com a iluminação certa.

É onde entra o eficiente diretor de fotografia Maxime Alexandre, que faz um jogo de luz e sombra inteligente. Todos os objetos e todas as pessoas na trama que têm um futuro ligado com o mal são retratados pela metade na escuridão. É feito com a boneca antes de ser associada com o demônio no começo, assim como com Janice, que será o alvo principal das assombrações.

Em momentos antes das aparições começarem, Sandberg faz com que todos os enquadramentos mostrem espaços ocultos atrás dos personagens. Dá a impressão de que algo vai surgir dali. A primeira vez em que isso acontece, Janice testa uma cadeira mecânica para subir escadas e para justamente quando metade da tela mostra uma porta com um cômodo escuro atrás da menina. Com isso, o diretor torna natural ver esses espaços que serão tão importantes para as cenas de horror e também fortalece a ambientação do filme.

Menina carrega Annabelle para poço
“Quem está aí? É você, Satanás?”

Já nesses momentos em que as assombrações começam, Sandberg dirige com uma preguiça que resume as cenas a sustos fáceis. Janice ou Linda saem para explorar a casa durante a madrugada para descobrir de onde vieram ruídos desconhecidos e, enquanto descobrem uma presença ou um objeto importante para a trama, a música diminui até sobrar o silêncio e algum movimento de câmera rápido fazer alguma coisa pular em cima delas acompanhado de toques súbitos e estridentes que não fazem parte do cenário.

Quem está acostumado com filmes clichês sobre assombrações em casas de famílias comuns vai saber até dizer quando o susto virá e quando ele não vai ocorrer. O que não assusta e estraga a tensão tão bem construída anteriormente pela ambientação cuidadosa.

Mas nada no filme é tão ruim quanto o roteiro. Incoerente, ele chega a causar risadas involuntárias com muitas das reviravoltas. A pior de todas revela uma falta de inteligência dos personagens que é revoltante. Preste atenção na cena em que a senhora Mullins explica o que aconteceu na casa nos 12 anos desde a morte da filha. É de chorar de rir.

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Talitha Bateman como Janice. De longe a melhor coisa do filme.

Além disso, o texto faz um péssimo trabalho em construir o monstro. Enquanto ele consegue destroçar pessoas e objetos com facilidade, logo em seguida fica preso por uma tranca frágil ou, às vezes, até por uma porta fechada quando persegue alguém. Isso porque abriu, trancou e destrancou várias vezes portais de cômodos antes, apenas com algum tipo de poder telecinético. Em certo ponto, o bicho chega a existir em dois lugares ao mesmo tempo, mas se ele é capaz disso, por que se separa para ir atrás das vítimas, se pode simplesmente encurralá-las?

Por fim, Annabelle é mais um terror genérico. Não apenas pela escolha de cenas do gênero que seguem uma moda que não funciona, mas também pelo texto problemático e pela falta de originalidade. Feito para quem gosta de levar sustos. Tomara que Sandberg seja mais eficiente no próximo filme, adaptação do super-herói Shazam no universo da DC Comics nos cinemas.

3 comentários em “Annanelle 2: A Criação do Mal (Annabelle: Creation – 2017)

  1. É claro que o 1 não foi muito bom, mas o 2 é totalmente diferente!
    Eu achei bem perturbador, agoniante, e tenso! Não só a Annabelle, o filme é cheio de mistérios, que te prendem do começo ao fim! e não é um filme arrastado! tem clima aquele climão de tensão e terror o tempo todo! e as criaturas que aparecem, como o espantalhos, mortos vivos, e o próprio demonio são muito boas!

    Eles souberam como usar elemento essencial pra fazer um bom e e o verdadeiro filme de terror sobrenatural, sem apelar pra cenas gore e coisas do tipo.

    A atmosfera é bem construída e souberam trabalhar bem com o elemento do terror em cada cena quando é preciso. gostei muito da na forma que eles mostram o mal se manifestando mantendo sempre muito bem o clima de tensão. Seja de manhã ou a noite, o filme te assusta!

    ACHO QUE VOCÊ FOI A UNICA QUE DEU UMA CRITICA NEGATIVA SOBRE ESSE FILME RSRS

    MEUS PÊSAMES!

    personagens – 10
    roteiro – 10
    maquiagem – 10
    filme – 1000

    digníssimo!!!

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