Postado em: Blog

Amor à Queima-Roupa

true_romance
No terceiro dia do evento Mondo Tarantino, assisti ao seu segundo roteiro filmado. Dirigido por Tony Scott, nota-se a diferença na direção. Mas o roteiro é puro Tarantino. Tenho que admitir a verdade, não tenho certeza absoluta se entendi Amor à Queima-Roupa. Se não entendi fico mais feliz, se entendi sou obrigado a concordar com aqueles que dizem que os filmes mais recentes do diretor são mais maduros.

O nome do filme no original é True Romance. De certa forma, realmente se encaixa na categoria de romance. É uma fantasia absurda sobre o amor niilista entre dois jovens da década de 1990. Tão absurda e fantástica que é boba.
Clarence Worley é um funcionário de uma loja de quadrinhos que tem uma noite maravilhosa com uma garota chamada Alabama, quem acabou de conhecer. Os dois se apaixonam e decidem ficar juntos, apesar de um segredo da Alabama. A história vai tomando rumos tão inesperados que dizer mais é sacanagem.
Cada reviravolta surpreende mais porque as ações dos personagens são absurdas, idiotas e até mesmo psicóticas. Clarence conversa com Elvis Presley constantemente e em um ponto, toma a decisão de matar um homem apenas porque deu vontade. Isso com menos de vinte minutos de projeção. Ele passa de um balconista simpático e pacato para um assassino tresloucado quase sem motivos.
É tudo súbito e inesperado, o que faz rir. É uma comédia de humor negro. E nesse sentido ela é bem eficiente. Clarence acaba se envolvendo com a máfia de Detroit, com a polícia e com Hollywood. E o roteiro trabalha isso muito bem. As tensões vão aumentando entre os grupos até que tudo virá a explodir no final. Tarantino é um mestre nisso. As coisas chegam ao limite sempre até virarem um banho de sangue. Bastardos Inglórios é assim, Django Livre, Kill Bill.
Existe uma cena maravilhosa entre o Christopher Walken e o Dennis Hopper. Envolve os dois dialogando com aqueles maravilhosos textos do Tarantino. O problema é que se sustenta no texto e nos atores. Tony Scott praticamente se repete e não fala nada.
Da geração da MTV, o diretor sempre foi meio viciado em visuais e estilos de vídeo. Isso se reflete em toda a sua carreira. Enquanto seus filmes mais recentes brincam com as capturas de tons e filtros de câmeras digitais de alta definição, os antigos usavam ritmo e fotografia de videotapes. Visualmente, o filme parece um clipe da MTV daquela década. Dialoga bem com o texto de fantasia jovem.
O grande problema é que essa maluquice e correria não dão tempo nem razão para identificação com os personagens. Todos os problemas que o Clarence e a Alabama arrumam são culpa deles mesmos. Eu estava até torcendo para que eles fossem mortos e a história continuasse só com o coadjuvantes, hilários. Nada contra a interpretação do Christian Slater e da Patricia Arquete, tudo contra a condução da história.
Pelo contrário, os dois estão soberbos. Slater parece estar encarnando o próprio Tarantino com seu vício em filmes do Sonny Chiba (que acabou trabalhando com o Tarantino em Kill Bill) e Arquete é uma doçura, além de estar absurdamente linda. Mas quando você tem gente como o Michael Rapaport, Brad Pitt, Gary Oldman, Tom Sizemore, Chris Penn, James Gandolfini, Val Kilmer, Samuel L Jackson e os já citados Dennis Hopper e Christopher Walken no fundo fazendo ponta, fica difícil prestar atenção em dois personagens tão sem carisma.
Cumpre bem o papel de comédia e suspense. Mas fiquei com um gosto amargo na boca ao final. Não gosto de não torcer pros protagonistas quando eles supostamente devem conquistar a gente.
 
GERÔNIMOOOOOOO…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.