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A Família

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Antes de entrar para a sessão de A Família, a única coisa que eu tinha visto sobre este filme foi um poster com a imagem acima. O que pensar disso? Considerando a carreira do Robert De Niro nos últimos dez anos, esperei um filmeco de ação idiota. Mas o filme foi uma surpresa atrás da outra, até mesmo nos créditos finais.

A trama é bem simples. Família ítalo-americana se muda para a cidade da Normandia. Dizer mais é estragar. Porque é um filme com tantas camadas que fica difícil tentar explicar tudo. Mas posso dizer que se trata de um filme de Máfia e de estereótipos. É uma comédia de costumes e de ironia. Um drama e um filme de ação.

Falar de estereótipos pode levantar a impressão errada. Mas aqui eles servem ao humor. O filme brinca constantemente com isso. Mistura estereótipos americanos, italianos e franceses. Ainda tem os típicos arquétipos de adolescentes, bullys, galãs e tudo o mais. Mas é para brincar com todas as expectativas de forma extremamente irônica.

É só prestar atenção em tudo o que acontece durante o filme. Uma família que mistura italianos e americanos desembarca na Normandia. O mesmo lugar onde americanos surgiram para tentar derrotar não apenas os alemães nazistas, mas também os italianos fascistas. A princípio achei coincidência, mas agora tenho bastante certeza que foi uma escolha intencional.

Lembra muito o estilo de humor do Martin McDonagh, de Sete Psicopatas e Um Shih Tzu. A família segue o padrão do sonho americano. Pai e mãe que fazem churrasco para receber os vizinhos, filha adolescente loira e filho mais novo que segue os passos do pai. Esse sonho leva um golpe com o envolvimento com a Máfia.

A família reunida. Deturpação do sonho americano.
A família reunida. Deturpação do sonho americano.

Literalmente, trata-se de uma família de sádicos. Assim que chegam na cidade, começam as mortes. E junto com isso, a quebra do sonho americano. O que acontece quando o filho segue os passos do pai gângster? E com a garota adolescente que tem instinto assassino e se apaixonou pela primeira vez. A esposa troféu sofre porque a imagem deles não é o que ela queria.

Significa que cada personagem acaba tendo suas histórias paralelas. O pai tenta escrever um livro e procura como fazer com que a água saia limpa do encanamento. A mãe tenta se misturar com a comunidade apesar do preconceito dos franceses contra os americanos. A filha passa pela experiência do primeiro amor e o garoto usa seus talentos de gângster para ganhar influência no colégio.

As crianças chegando na escola.
As crianças chegando na escola.

Surgem dois problemas. O filme mostra as consequências dramáticas de tudo isso. O que quebra com o tom de comédia. É interessante e serve ao propósito da discussão do filme, mas o ritmo fica perdido. Piora com as piadas relacionadas a violência. Ela é tão integrada nos membros da família que depois de uma hora vendo cada um deles agredindo as pessoas de forma cômica, perde a graça. Na nona vez em que o personagem do patriarca quase mata alguém, não incomoda ou faz rir.

Essa loucura no ritmo me fez questionar constantemente se os realizadores eram gênios ou idiotas que deram a sorte de acertar em todos os conceitos inteligentes criados. Até que surgem duas circunstâncias. Uma cena na qual o personagem do De Niro assiste Os Bons Companheiros e outra na qual o filho descobre que a máfia os descobriu. A qualidade da direção nesses dois momentos e a fotografia inspirada me fizeram perceber que existe um diretor bom e inteligente ali.

O que explica a excelente seleção de atores. De Niro, Michelle Pfeiffer, Tommy Lee Jones. Só com um bom roteiro e um bom diretor para reunir esses três. Todos estão ótimos. É tão bom ver o De Niro se soltando e divertindo em um papel. Além deles temos a excelente Dianna Agron, quebrando bastante do estereótipo levantado ao seu redor devido aos diversos papéis de líder de torcida que já fez. Melhor ainda, aqui ela nunca abre a boca pra cantar.

O filme termina com um gosto amargo, tanto pelos problemas conceituais quanto pela sensação ruim de que a família não está rumando para um futuro muito promissor. Então começaram a rolar os créditos e surge o nome do Luc Besson como diretor e um pouco depois as palavras Martin Scorsese como produtor. Então tive a certeza de que estava vendo uma pequena pérola que passaria despercebida pelos cinemas.

 

GERÔNIMOOOOOOO…

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