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A Incrível História de Adaline

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Quem diria que, depois da péssima série Gossip Girl e de algumas poucas participações rápidas no cinema, a Blake Lively conseguiria um papel de destaque em uma grande produção lançada em pleno verão estadunidense? Surpresa maior é que ela ainda apresenta uma boa interpretação.

Adaline (Lively) é uma mulher nascida em 1908 que parou de envelhecer aos 29 anos em um acidente de carro. Ela se apaixona contra a própria vontade por Ellis (Huisman) quando completa 107 anos de idade. As dúvidas sobre assumir o novo relacionamento a farão reconsiderar todas as escolhas que fez durante o tempo em que se escondeu na sociedade.

Falar sobre pessoas que não envelhecem ou nunca morrem é um tema antigo. Histórias sobre vampiros, feiticeiros, anjos, demônios e gente eterna existem aos montes. Todos falam sobre os valores da finitude e a perda dos códigos morais quando se encontra a eternidade. A grande sacada desta história é que a situação fantástica é usada para discutir o amor romântico, e não todo o resto. Mas discutir de forma racional, e não ser apenas um monte de desculpas para arrancar suspiros de adolescentes apaixonadas.

age_a_0Romance complicado. Mais do que uma comédia romântica boba.

O roteiro resolve isso de forma bem simples. Adaline e Ellis se apaixonam, começam o relacionamento e um problema dificulta a conexão. Até aqui tudo igual a romances comuns, a diferença reside no fato de que a união não é sobre como o amor dos dois resolverá todos os problemas de ambos. Muito pelo contrário, tudo será difícil e o resultado provavelmente será trágico. Mas o amor é assim, cheio de sentimentos complexos e nem sempre positivos.

O roteiro passa muito tempo para apresentar o conflito principal. Depois de uma hora de introdução, em que a vida atual da personagem é colocada em paralelo com flashbacks que explicam a condição de infinitude, a complicação dá as caras. É preciso explicar o passado, o presente, os personagens, criar situações para que ela aceite sair com ele e que o romance desenvolva para amor. Com tanta coisa nunca fica cansativo, o que demonstra um grande domínio narrativo e de ritmo tanto dos roteiristas quanto do diretor.

Entretanto, o filme decola de verdade quando Adaline conhece a família de Ellis. Os vários problemas de se relacionar com alguém que envelhece normalmente e os erros passados dela se chocam com a felicidade simples de estar ao lado de alguém que ela ama e que a ama de volta. Os diversos dilemas emocionais que surgem são fortíssimos e temperam a produção. O roteiro nunca deixa cair no melodrama ou em diálogos vergonhosos. Pelo contrário, pequenos gestos e olhares retratam todas as complicações que passam pela cabeça do espectador.

9d596146_AOA_05531.xxxlarge_2xAdaline encontra a família do amado. Situação complicada.

Blake Lively passa com naturalidade os jeitos de uma pessoa cansada e sábia que já viu muito depois de uma vida muito longa. Essa característica fica ainda mais forte em contraste com a participação da Ellen Burstyn como a filha dela, Flemming. Apesar de a filha ser muito mais velha fisicamente, as duas atrizes passam a sensação de que há uma conversa de uma garota que busca aprovação diante da imponência da mãe. Michiel Huisman está bem como Ellis, mas nunca convence de que o personagem está realmente apaixonado por Adaline. A surpresa é o Harrison Ford. Ele demonstra uma vulnerabilidade incomum para a carreira que conduziu. A forma como passa pequenos sentimentos com breves olhares ou tremidas nos lábios é tocante. Uma interpretação vale o ingresso do filme.

A Incrível História de Adaline seria um grande livro, mas surpreendentemente é uma obra original. Merece ser descoberto por quem gosta de pensar mais sobre o amor do que ele vem mastigado pelo senso comum de outras produções mais comerciais.

 

GERÔNIMOOOOOOOOO…

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