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1001 Filmes – Esposas Ingênuas

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Famoso pelo popular Ouro e Maldição, o diretor Erich Von Stroheim lançou antes este filme que é um misto de muitas reflexões acerca de valores de relacionamento. Picotado pelo estúdio na época de seu lançamento, as partes excluídas perdidas através do século desde sua realização foram encontradas aos poucos e reencaixadas. O resultado é um filme com mais que o dobro de sua duração original.

O Conde Sergius Karanzim reside em propriedade das primas em Monte Carlo. Ao ler o jornal um dia, descobre que um diplomata americano está viajando para a região com sua esposa. Como o marido viaja a trabalho, a esposa ficará sozinha durante a estadia. O conde planeja, então, seduzi-la para poder extorquir o casal.
Nos dias de hoje, a trama teria uma condução bastante óbvia. Homem resolve enganar mulher de boa índole, faz com que ela se apaixone por ele e, por consequência, se apaixona em retorno. Os dois acabam com um final feliz. Numa época em que este tipo de clichê não existia, o final de Esposas Ingênuas é muito mais inteligente e significativo que um filme conservador atual seria.
Karanzim é frio, calculista, cafajeste e covarde. Ainda assim, é um homem divertido. Muito ao contrário do rígido e inexpressivo diplomata do qual pretende roubar a esposa. Se Karanzim é um estereótipo extremo de vilão europeu, ele também é uma fonte de diversão e vida. Enquanto o diplomata é um homem de bem que se preocupa apenas com o trabalho e sua imagem. Por mais que ele seja legal e bom, ele é chato em comparação ao maldoso conde.
O contraste é o foco de Stroheim. A discussão vai além do triângulo amoroso ao refletir a imagem que se tem dos Estados Unidos eficientes e capitalistas e da Europa sempre movimentada e nem sempre em boas condições financeiras. Tudo expressa isso. Os cenários em que os dois personagens vivem e as coisas que os cercam. O diretor, que também interpreta o conde, não tem medo de exagerar por saber que não se trata de uma obra realista. O filme parece mais um conto de fada com lição de moral atingida através do pessimismo.
Como já disse, a versão original foi picotada pelo estúdio. Por conta disso, a primeira versão tem menos de uma hora e meia. A versão mais recente, com todas as cenas deletadas acrescentadas, tem três horas. O primeiro é menos coerente, o segundo é terrivelmente cansativo, apesar de fazer mais sentido.
Bem filmado e com uma ótima montagem, o filme mereceu entrar na lista do 1001 filmes, apesar dos problemas das múltiplas versões. A única que encontrei em alta definição é a que pode ser vista ao dar play na lista de vídeos abaixo. É interessante, mas notifico adiantado, são três horas de um filme mudo e preto e branco.
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=g_556K4Zxfg&list=PLXZCrgfpC_WIsWE6FNwvYOIGY5mAL0fjn]
FANTASTIC…

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