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Trolls (2016)

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No festival de adaptações do mercado de animações em longa-metragens, inúmeras ideias que soam absurdas em um primeiro momento surpreendem no resultado final. Um filme sobre a marca LEGO virou uma obra metalinguística, outro sobre comidas de mercados se revelou um comentário sobre preconceito sexual e religioso. Com isso, era esperado que uma versão cinematográfica dos bonecos dinamarqueses Trolls fosse de qualidade.

Como eles são representações de personagens estupidamente felizes, a história é construída em cima das razões para a felicidade e a busca por ela. Os trolls são seres minúsculos e contentes que vivem de cantar, dançar e abraçar. Para sentir alegria, os bergens, criaturas também humanóides, mas de estatura normal, precisam comer um troll. Quando o esconderijo é atacado e os melhores amigos da princesa Poppy (Anna Kendrick) são levados, ela vai tentar salvá-los com a ajuda de Tronco (Justin Timberlake), o único troll infeliz, mas que sabe como se proteger dos bergens.

Bichinhos coloridos, piadas sobre pessoas que quicam pelos lados, dançam, alteram os cabelos e cantam sobre os absurdos do que ocorre ao redor. Não resta dúvidas de que é uma animação feita para prender as crianças com os montes de movimentos de coisas coloridas e bonitinhas com ritmos dançantes e gostosos.

Trolls
Amigos sequestrados e felizes em mundo multicolorido.

Isso se reflete até na parte técnica da animação. Tudo no universo de Trolls é feito de tecidos de pelúcia. Pode prestar atenção: o chão é de tecido, as plantas, os heróis, os vilões. Só não são tecidos pelos, água e fogo. Ainda assim, apesar das superfícies, existe peso por baixo dos corpos. É possível ver algo como gordura e músculos atrás das peles. E isso é importante para esse visual voltado para crianças. Ser feito em computação gráfica permite à produção brincar com ausência e presença de cores mesmo em tecidos.

O humor funciona em grande parte por ser bobo, mas também anárquico. Logo na abertura, é mostrado o passado dos trolls com um feito heroico. Mas todo a sequência zomba desse heroísmo ao remover as roupas do personagem. A nudez em si faz as crianças rirem. O inesperado de ser fora de contexto com a cena faz os adultos rirem.

Por outro lado, a discussão do filme é problemática porque ensina que é preciso ser feliz o tempo inteiro. Tanto para resolver problemas, quanto para mudar a opinião de quem é diferente. Chega a ser o oposto do excelente Divertida Mente, que mostra que existe razão para o que são considerados sentimentos ruins, como tristeza, medo e raiva.

rabugento tenta cumprimentar uma nuvem
Zombaria com sentimentos “negativos”: mensagem deturpada.

O grande trunfo de Trolls se encontra em Justin Timberlake. Não pela atuação, mas pela participação como produtor musical. Ele coordenou os áudios dos números musicais que usam músicas desde Beethoven, passando por Phil Collins e Gorillaz, até uma canção… Do próprio Timberlake, a única feita para o filme. E ela é gostosa, dançante e divertida.

Dance com o Justin.

Trolls é divertido e, o melhor, rápido. Com um humor baseado em inocência, se a produção se alongasse demais ficaria chata. Também serve para aquelas crianças que adoram rever um filme zilhões de vezes, porque acaba rápido e então é só dar o play de novo. Infelizmente, não passa a mensagem mais adequada para eles.

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