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Três Dias do Condor (Three Days of the Condor – 1975)

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Quando recebeu o roteiro de Capitão América 2: O Soldado Invernal, o ator Robert Redford, que faz o vilão do filme da Marvel, perguntou para os diretores se eles já haviam visto Três Dias do Condor. A resposta foi bem clara: o filme do herói é diretamente inspirado na trama do clássico de espionagem da década de 1970.

É possível encontrar mil e uma referências à história de Joseph Turner (Redford), um agente da C.I.A. que lê livros e jornais internacionais, em busca de pistas de qualquer tipo de indicativos suspeitos. Quando volta da compra do almoço do grupo de trabalho, encontra toda equipe assassinada. Desesperado, foge e se vê caçado pelos assassinos e pela C.I.A..

Além do filme do Capitão América, Três Dias do Condor foi influente na trilogia Bourne, na franquia Jack Ryan, nas adaptações dos vários livro do John le Carré e em diversas produções mais recentes. É uma obra que mostra que espionagem não é sobre homens elegantes que matam grandes conspiradores megalômanos, mas sobre informações escondidas.

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Max Von Sydow. Vilão de ocasião.

O que gera algo que era único na época, mas que hoje é muito comum. Um filme de espionagem sobre tensão e paranoia em que ninguém é confiável, e tudo que é dito pode ter várias leituras. Inclusive, até os vilões não são realmente malvados, assim como os mocinhos fazem coisas questionáveis. Um grande exemplo é o assassino Joubert (Max Von Sydow), que apesar de ter como objetivo matar Joseph, não é mau.

Para fazer isso, os roteiristas Lorenzo Semple Jr. (que, por ironia, trabalhou em um dos 007) e David Rayfiel dão foco para duas coisas: a paranoia constante de que Joseph nunca está seguro e, por meio disso, o fato de que a vida dele como conhecia provavelmente está arruinada. É onde entra um dos recursos mais interessantes do texto, a personagem Kathy Hale (Faye Dunaway).

Ela é uma mulher que Joseph sequestra em certo momento para conseguir escapar dos algozes e se torna uma aliada e interesse romântico. O tipo de personagem se tornou um clichê, mas aqui ela tem uma função específica. Ao mesmo tempo em que ela é um flerte com uma vida comum, também é um lembrete constante de que ele não pode mais se apegar a ninguém.

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Faye Dunaway. Atriz merece personagem mais rica.

Dá para perceber que essa é a intenção de Sidney Pollack, um diretor com estilo clássico, mas eficiente. Ele faz com que a câmera sempre entre nos cenários, junto com Joseph, com ângulos abertos. Ela se movimenta para frente, mas quase nunca revela o que há para trás. Fica um sensação de que alguém aparecerá por trás a qualquer momento. Em certo ponto da produção, Joseph consegue avançar nas investigações sobre porque é perseguido com o uso de hackeamento de códigos de telefone. Era algo bastante comum até os anos 1990, mas que ficou para trás com o avanço de tecnologias como a internet e celulares. É muito difícil para alguém com menos de 25 anos compreender o que se passa nessa sequência.

Redford é ótimo para criar tipos como Joseph. Ele sabe demonstrar intensidade de alguém com medo ao olhar para os cenários e parecer que reflete sobre as opções e os perigos possíveis. Max Von Sydow dá para o assassino Joubert um ar de inteligência e frieza muito interessante, que é quebrado apenas ao revelar empatia pela situação do alvo. Fica apenas uma tristeza pela situação de Dunaway. Uma atriz veterana e tão boa em um papel típico de mulher vulnerável é difícil de engolir hoje em dia.

É fácil entender porque Três Dias do Condor é tão influente. Uma trama inteligente, que avança com calma e baseada no suspense e não na ação. Com boas interpretações e sem maniqueísmo para compreender que, às vezes, os problemas do mundo se encontram em quem deveria proteger e causar segurança.

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