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Star Wars: Episódio VI – O Retorno de Jedi

Batalha Espacial

Depois de dois filmes com as maiores escalas de popularidade e de produção até então, é preciso um desfecho digno. Com várias histórias deixadas em aberto, mais ação, efeitos especiais e correria são realizados para fazer com que um terceiro capítulo possa de fato ser o clímax de uma franquia. Mas será que é possível ser mais do que apenas isso?

Luke (Mark Hamill), Leia (Carrie Fisher), Chewbacca (Peter Mayhew), Lando (Billy Dee Williams), R2-D2 (Kenny Baker) e C-3PO (Anthony Daniels) partem para o planeta Tatooine para resgatar Han (Harrison Ford). Enquanto se ocupam disso, o imperador (Ian McDiarmid) realiza um plano para capturar Luke e destruir a aliança rebelde.

O filme anterior acabou com várias histórias em aberto. Han Solo capturado aqui. A aliança rebelde em fuga ali. Darth Vader é o pai de Luke. O imperador quer fazer com que o herói vire parte dos vilões. O treinamento jedi de Luke não acabou. Por que Obi-Wan não falou a verdade sobre o pai de Luke? O Retorno de Jedi tem uma missão a frente de si: fechar tudo isso com ação grandiosa.

O roteirista Lawrence Kasdan se mantém no cargo de colocar uma lógica nisso tudo, mas o parceiro da vez é o George Lucas. Talvez por conta disso os diálogo de O Retorno de Jedi sejam mais bobos que no filme anterior. Se as relações entre Luke, Leia e Han eram determinadas em poucas falas com mensagens escondidas, aqui tudo é explícito. Han pergunta abertamente pra Leia de quem ela gosta mais, dele ou de Luke. Sem os olhares silenciosos e significativos.

Han zoeiroHarrison Ford. Olhares e expressões cômicas mal dirigidas e fora de lugar.

É o Harrison Ford quem mais sofre com isso. O personagem é o líder de parte de uma invasão a partir de certa parte do filme. Sempre tem uma piada fora de lugar e mais parece um coadjuvante cômico que o canalha adorável dos filmes de antes. Todos são capturados por um grupo de ursinhos de uma lua. Enquanto Luke se preocupa em como tirá-los de lá e a Leia ganha uma escovinha, Han tem momentos bizarros. Numa hora ele tenta apagar uma fogueira com assopro. Em outra, grita para os bichinhos de pelúcia que é amigo do C-3PO de forma irônica depois de ser ameaçado com estacas. Sem um diretor que saiba conduzir o ritmo de comédia entre as cenas de ação, Ford não parece adequado. Apenas ganha essas piadas fora de lugar com takes rápidos de alguma careta dele.

O equilíbrio entre humor e seriedade também é prejudicado com os tais ursos. Chamados Ewoks, eles não passam de piadinha até serem importantes para a batalha final. Mesmo nela, ganham ceninhas cômicas rápidas. De tão irritantes, é possível até torcer pelo império contra eles. Misturados com os maus momentos do Han Solo, criam um núcleo desinteressante.

O roteiro cria um longo primeiro ato no qual Han é salvo. Quase 40 minutos de ação fora de contexto com a maioria dos conflitos da trilogia. Então o filme parece começar de novo. A trama é explicada rapidamente para que os três núcleos do clímax possam acontecer. Luke contra o imperador e o Darth Vader aqui (de longe a parte mais interessante). Han, Leia, Chewie, R2-D2 e C-3PO ali (numa parte chatíssima). E Lando acolá (na maior batalha espacial da trilogia). É a pior estrutura de roteiro de Star Wars. Parece que são quatro filmes em um.

Leia escravaGancho para o primeiro clímax, com trinta minutos de filme.

Mas o diretor Richard Marquand é bom em criar ritmo. Apesar de não saber lidar com atores. Todas as piores interpretações de cada ator da série estão em O Retorno de Jedi. Um diálogo entre Han e Lando inclui um take de Billy Dee Williams no qual o ator parece que estava no meio de um ensaio. Ele sorri falso como se quisesse lembrar melhor as falas.

Ainda assim, Marquand faz um ótimo trabalho para conduzir o roteiro quebrado que recebeu. Com a montagem, vai de um núcleo de ação para o próximo rapidamente, de forma que eles estejam no mesmo momento de intensidade. Se o Luke descobriu uma armadilha aqui, ela se desenrola em alta velocidade nos outros núcleos para voltar para Luke e ver a reação dele. Marquand também é bom em criar ações em um mesmo ambiente que se passam ao mesmo tempo, mas com personagens diferentes. A montagem coloca em tempo separados duas coisas que estão juntas, mas para o espectador parece natural.

Mark Hamill faz um bom trabalho para representar a evolução de Luke. Do garoto inocente do primeiro filme para o último de uma ordem de cavaleiros antiga. A Carrie Fisher tem bons momentos, mas este talvez seja o Star Wars onde ela é mais uma mocinha em perigo que uma personagem.

Não é o mais fraco dos Star Wars porque é um dos mais divertidos. Tanta movimentação equilibrada pela boa montagem garantem um filme que passa rápido e envolve, mesmo que seja o mais longo da trilogia, com quase duas horas e quinze. Dá para cada trama da série um final adequado, mas fica uma impressão de que não houve esforço para se fazer um filme completo, apenas um pedaço de algo maior. Defeito do qual os outros não sofrem.

 

GERÔNIMOOOOOOOO…

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