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50% ou filmes em que não dá pra ser objetivo.


Estudar e aprender sobre cinema é aprender a ser frio. Não completamente. Você não apenas se emociona com um filme, você sabe que se emocionou e valida a qualidade dessa emoção presente dentro de um filme através de seus aspectos técnicos. Ou seja, você chora com uma cena, mas sabe quais elementos fizeram isso e sabe quando um filme o faz de forma gratuíta.
Mas às vezes acontecem algumas exceções, pelo menos comigo.
Fazia algum tempo que não ocorria, mas de repente assisti 50% e fiquei despido de toda e qualquer objetividade.

Às vezes um filme toca em algum sentimento pessoal, uma dor, uma marca profunda em nossos passados. 50% tocou profundamente em duas recentes. De repente me peguei chorando e relembrando os momentos que vivenciei.
50% é um filme de 2010 estrelado pelo Joseph Gordon-Levitt. Acompanha a luta de um personagem contra um tipo raro de câncer em sua espinha. Quando pesquisa suas perspectivas de sobrevida, descobre que são de 50%.
À princípio notei as qualidades de produção e execução do filme, mas a medida em que o filme começou a demonstrar a solidão por trás do processo comecei a repensar o passado recente. Ano passado, acompanhei a morte de um parente de uma pessoa próxima para a doença, e este ano, acompanhei um colega de apartamento passar por quatro meses de quimioterapia.
O filme mostra, de forma muito inteligente, o quanto o processo é solitário. Não importa o quanto Adam, o personagem de Gordon-Levitt, tenha amigos, namorada, pais e uma terapeuta presentes. Nenhum deles está doente, nenhum perde os cabelos, nenhum tem que lidar com a frieza dos médicos, nenhum conhece o verdadeiro sofrimento pelo qual ele passa.
De repente me peguei pensando em como não estive presente quando pessoas queridas precisaram. A culpa foi tomando conta e ao final do filme estava coberto de lágrimas e arrependimento.
Ainda assim, consegui perceber algumas características. O diretor Jonathan Levine, que tem aqui seu segundo filme, não se deixa cair no melodrama. Quando as pessoas descobrem sobre o câncer, não se debulham em sofrimento, a ambientação não força para a tristeza e o filme valoriza os momentos descontraídos.
Ao mesmo tempo, o filme é maniqueísta. Principalmente com a personagem da namorada de Adam, Bryce Dallas Howard, que se torna uma vilã quase caricata. O melhor amigo, vivido por um Seth Rogen esforçado, é de uma comicidade absurda. Tão absurda que chega a estragar a leveza do filme em diversas cenas. E o final “feliz demais” fica forçado.
Vale destaque para a fotografia, pelo menos no começo é fenomenal. E para o elenco sem falhas. Com exceção dos exageros de Seth Rogen, nenhum ator está fora de lugar. São interpretações tocantes e contidas, até mesmo por parte do comediante.
E quanto a vocês? Algum filme destrói sua objetividade? Qual?
GERÔNIMOOOO…

3 comentários em “50% ou filmes em que não dá pra ser objetivo.

    1. Acho que ele pode fazer coisas boas. Mas ele sempre tem mão na produção. Se alguém conseguir controlá-lo como ator ele pode fazer um Mais Estranho que a Ficção ou um O Show de Truman. Só precisa do papel e do diretor certo. E tirar a mão de produtor.

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