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Aladdin (1992)

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Dos desenhos animados da Disney da época de ouro de 1990, um dos mais adorados e lembrados ainda é Aladdin, que dividia com A Bela e a Fera a atenção dos meninos e meninas. Agora que ele está para ganhar um remake com atores, vale a pena questionar: o original ainda se sustenta bem?

Todos lembram da história do ladrão de rua adolescente de bom coração que tem a oportunidade de mudar de vida ao ganhar três desejos de um gênio (voz original do Robin Williams). Apaixonado pela princesa Jasmine (voz de Linda Larkin), Aladdin (Scott Weinger) precisa descobrir o que o fará ficar com ela ao mesmo tempo em que o conselheiro do sultão (voz de Douglas Seale), Jafar (Jonathan Freeman) cria esquemas para se tornar a realeza.

Além de ser um musical cheio de cores, movimentado e com muita ação e aventura, Aladdin tem um diferencial que se tornou uma das regras das animações da Disney mais tarde, é uma comédia também.

É o padrão das animações do período, mas tem um diferencial. Tanto as cenas musicais, como o humor e a ação são usados para contar a história, que tem um protagonista com um conflito dúbio que reflete o aprendizado pelo qual ele precisa passar. É o que acontece quande se tem a dupla Ted Elliott e Terry Rossio no roteiro.

O gênio canta com as mãos
Gênio interage com as próprias mãos. Personagem tresloucado.

Talentosos, eles sabem criar uma estrutura clássica de roteiro com muita eficiência e elegância. Aladdin é um ladrão de rua que quer ser rico para poder ficar com a princesa, mas precisa compreender que ele já é merecedor dela apenas por ser bom. É uma obra sobre um jovem que ganha o poder fazer o que quiser e, justamente por isso, não consegue ver que já tem o que precisa.

Além de ter um conflito interessante, ele também é bem aprofundado através das reviravoltas da trama. Todas estão diretamente relacionadas com os questionamentos de Aladdin. O primeiro ato cobre como os dois se conhecem, como ele pega a lâmpada mágica, os objetivos do vilão.

É possível ver, inclusive, alguns macetes dos roteiristas. Como no outro grande sucesso deles (Piratas do Caribe), o vilão consegue derrotar o protagonista algumas vezes durante a trama e sempre que ele reaparece Jafar pergunta por que ele não morre. É uma interação muito divertida em que o espectador fica preso entre as vitórias e pequenas perdas do herói.

O humor nasce muito do estilo dos diretores John Musker e Ron Clements (de Moana, Hércules, A Pequena Sereia e A Princesa e o Sapo), que gostam de colocar comédia nos detalhes da animação e sabem cortar de uma situação dramática para uma piada. É a razão para o macaco Abu acompanhar Aladdin para cima e para baixo. Ele alivia as situações pesadas com rápidas reações.

Jafar e Yago no contraluz rubro
Jafar: Mau feito o pica-pau. E não tem nada de errado com isso.

A comédia ganha também com a presença de Robin Williams como Gênio. O humorista improvisou loucamente nos estúdios de dublagem a ponto de começar a imitar personalidades como Jack Nicholson, Groucho Marx, Robert De Niro, Martin Scorsese. Os diretores gostavam e animavam o personagem para refletir o estilo de Williams. Então o personagem vira as pessoas que imita ao mesmo tempo em que interage com as próprias mãos, arranca a própria cabeça e até quica pelo cenário.

Isso também se reflete no vilão. Como Jafar existe apena para mover a trama, ele não passa de um pastiche vilanesco, e os diretores não se importam com isso. Chegam até a fazer um momento hilário no qual ele dá gargalhada falsa de malvado, porque ele é isso, mau feito o pica-pau.

Não há nada de errado em ser bobo, desde que seja divertido. O que também não impede de ser profundo. É algo que falta muito no cinema recente, produções que se permitem ser tolas, engraçadas sem deixar de ter um conflito inteligente e bem construído.

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