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Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (Zootopia – 2016)

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Zootopia é a nova animação da última geração de produções da Disney. Desde que o produtor e diretor John Lasseter assumiu o estúdio, pérolas como Frozen e Detona Ralph surpreenderam com tramas inteligentes que não deixam de entreter tanto adultos quanto crianças.

A história se passa em um universo alternativo no qual todos os animais evoluíram até chegar em uma sociedade semelhante à dos humanos. Judy Hopps (voz da Ginnifer Goodwin no original e da Monica Iozzi no Brasil) é a primeira coelha a conseguir entrar na polícia da cidade de Zootopia, o maior centro urbano dos animais. Depois de algumas confusões, ela precisa desvendar um desaparecimento em 48 horas para manter o emprego. A única pista, porém, é o raposa trambiqueiro Nick Wilde (Jason Bateman originalmente e Rodrigo Lombardi no Brasil), que precisa ser chantageado para ajudá-la.

No estilo de Frozen e Detona Ralph, a produção repleta de cores e humor visual contém diversas camadas de alegorias sobre temas atuais e profundos. Alguns ainda mais complexos do que crianças podem ser capazes de entender. Neste em específico, a discussão trata sobre preconceito e civilidade.

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Nick e Judy perdidos na profusão de diferenças entre os personagens. Filme sobre aceitação.

Para isso, o roteiro de Byron Howard e Jared Bush (diretores do filme juntos de Rich Moore) disfarça os inúmeros tipos de discriminação nas diferenças entre os animais. Como policiais têm que ser capazes de capturar cidadãos que quebram a lei, quem normalmente pega o emprego são espécies de grande porte como rinocerontes e elefantes. O preconceito que Judy sofre ao tentar entrar para a polícia é uma forma de tratar sobre sexismo em instituições do tipo, mas aqui é apenas porque ela é uma coelha pequena. Outros tipos aparecem em hostilidade entre predadores e presas, que viram metáfora para racismo – ainda mais quando se fala de predisposição genética no enredo.

Tirando as parábolas, o roteiro se sustenta entre piadas inteligentes que apenas adultos entenderão. A comparação entre a lentidão burocrática de departamentos de trânsito e um monte de preguiças (os animais, não o adjetivo) é, de longe, a cena mais engraçada da produção. Também existem referências a Breaking Bad e O Poderoso Chefão tão sutis que talvez até fãs da série e da trilogia não pegarão.

A estrutura, entretanto, se atém ao padrão básico de roteiros. Primeiro, segundo e terceiro atos com um crise antes dos clímax. Como em Detona Ralph, essa estrutura é realizada de maneira tão inteligente que funciona muitíssimo bem. Primeiro porque os personagens principais, Judy e Nick são simpáticos por conta da vulnerabilidade que sofrem dos preconceitos. Ao mesmo tempo, não são perfeitos. Ela não consegue se impor enquanto ele aceitou ser alguém que faz algum mal por ter sofrido demais com o mundo. Tudo na estrutura e no desenvolvimento tanto do mistério que os dois investigam quanto dos personagens está relacionado com a discussão proposta. De que a resposta para a intolerância é a civilidade e o bom convívio.

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Judy e Nick com a preguiça do departamento de trânsito. Melhor cena do filme.

Como no padrão Disney, a história é contada visualmente através das cores. Quando Nick e Judy estão em perigo, os ambientes ficam mais escuros e tons de vermelho tomam o cenário. Quando estão em momentos cômicos e felizes, as cores ficam mais fortes e os ambientes mais coloridos. A intenção é fazer com que o espectador seja capaz de compreender o filme mesmo que sem som. Nada de novo, apesar de muito bem feito.

Os pecados da produção se encontram nas enormes coincidências do caso investigado e na péssima dublagem do Rodrigo Lombardi. Desde que justamente a primeira pessoa a incomodar Judy na cidade grande seja a única testemunha até a salvação dos dois de certo perigo ser uma ratinha que ela salvou por acaso horas antes. Quase todas as pistas são convenientes demais. Monica Iozzi não conta com um talento grandioso de dublagem como Judy, mas faz bem a personagem. Lombardi por outro lado, possui uma voz vagarosa que não condiz com a malícia que Nick expressa a cada ação.

Dois pequenos detalhes negativos em uma obra diferente do padrão de filmes voltados para crianças. Não trata nem os pequenos, nem os adultos como desprovidos de inteligência. Dá razão para os dois públicos se divertirem. Tem um ótimo ritmo e uma trama com discussões que vão além da moral conservadora típica de animações bobas. Merece estar entre os filmes do estúdio que o antecederam.

 

FANTASTIC…

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